Terra e trabalho: a trajetria de trabalhadores idosos do acampamento mrio lago de ribeiro preto,sp
2º ENCONTRO DA REDE DE ESTUDOS RURAIS 11 a 14 de setembro de 2007, UFRJ, Rio de Janeiro (RJ) GT1 – A LUTA PELA TERRA E A POLÍTICA FUNDIÁRIA TERRA E TRABALHO: A TRAJETÓRIA DE TRABALHADORES IDOSOS DO ACAMPAMENTO MÁRIO LAGO DE RIBEIRÃO PRETO,SP.
Raquel Santos Sant’Ana.
Professora Doutora do Departamento de Serviço Social da UNESP-
Coordenadora do Núcleo Agrário e do Grupo de Pesquisa “Terra e Raiz”.
Este artigo apresenta dados sobre a trajetória de trabalhadores idosos que hoje fazem
parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e que estão no acampamento
Mário Lago de Ribeirão Preto,SP. A partir de 5 fragmentos de história de vida, analisa
como o trabalho na terra fez parte da trajetória dos sujeitos. Em Ribeirão Preto, o
acampamento Mário Lago é expressão do conflito agrário, resultado do modelo
concentrador de renda e riqueza, oriundo da agroindústria canavieira. O recorte do
segmento idoso para a realização das histórias de vida deveu-se ao nosso interesse em
analisar as diferentes trajetórias dos sujeitos até o momento em que tomam decisão de
lutar por terra. Ao longo da vida os diversos sujeitos se reproduzem socialmente em
condições determinadas, porém, a partir destas vão construindo estratégias que, de um
lado singularizam suas histórias, de outro, os inserem numa classe social .Ao analisar as
trajetórias dos velhos trabalhadores é possível perceber a centralidade do trabalho na
estruturação de suas vidas e apreender como, nesta sociedade, estas experiências
vivenciadas pelos sujeitos se dão a partir da expropriação da terra e intensa exploração
nas relações de trabalho. O sonho da conquista da terra é a efetivação de um direito para
sujeitos que em toda sua trajetória cultivaram e produziram para outros; daí a
necessidade do Estado retomar dívidas históricas, uma delas é dar terra para quem
Introdução.
Este artigo apresenta dados sobre a trajetória de trabalhadores idosos que hoje
fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e que estão no
acampamento Mário Lago de Ribeirão Preto,SP. Os resultados ora apresentados fazem
parte de uma pesquisa mais ampla que teve como objeto de estudo as representações
sobre a vida no acampamento sob o enfoque inter-geracional: congregou a análise de
crianças, jovens, adultos e velhos sobre o cotidiano no acampamento e o significado da
Em Ribeirão Preto, o acampamento Mário Lago é expressão do conflito agrário,
resultado do modelo concentrador de renda e riqueza, oriundo da agroindústria
canavieira. Este acampamento rural é organizado pelo Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) e possui cerca de 350 famílias.
São 1.700 ha localizados em área nobre da região de Ribeirão Preto. A partir do
mês de junho, o acampamento passou a pré assentamento e enquanto aguardam a
definição do Incra sobre a seleção das famílias, os acampados, que estão dentro da
fazenda, procuram desenvolver um espaço de sociabilidade segundo as proposições do
MST; cultivam sem a utilização de venenos e já estão produzindo feijão, abóbora,
mandioca, abobrinha, quiabo, enfim, uma grande diversidade de produtos; e já são os
maiores produtores de feijão do município.
O projeto de pesquisa foi desenvolvido entre os anos de 2004 e 2006, porém as
informações junto aos idosos foram obtidas nos anos de 2006 ( apenas uma foi realizada
no ano de 2005); foram coletados 5 fragmentos de história de vida com homens de mais
O recorte desse segmento etário para a realização das histórias de vida deveu-se
ao nosso interesse em analisar as diferentes trajetórias dos sujeitos até o momento em
que tomam decisão de lutar por terra. Ao longo da vida os diversos sujeitos se
reproduzem socialmente em condições determinadas, porém, a partir destas vão
construindo estratégias que, de um lado singularizam suas histórias, de outro, os inserem
Se as estratégias pressupõem um fio condutor que dá sentido às ações dos
sujeitos, a noção de trajetória, segundo Antuniassi et all (1993), expressa “a dimensão
diacrônica que liga o conjunto das circunstâncias às estratégias” (126).
1 Esta pesquisa teve a participação de duas bolsistas de iniciação científica do Cnpq: Ariane Cristina de Oliveira (2004/5) e Priscila S. Oliveira. 2 Incialmente procuramos incluir uma depoente do sexo feminino,porém tivemos dificuldade de localizar mulheres deste segmento etário. Uma senhora de 58 anos se prontificou, outra de 62 se recusou e sugeriu que fizéssemos a entrevista com o marido, alegando não lembrar-se de quese mais nada do passado.
Recuperar as trajetórias dos trabalhadores com mais de 60 anos que hoje residem
no acampamento Mário Lago significa buscar seus projetos passados e presentes, numa
constante luta pela sobrevivência e por trabalho.
II-Desenvolvimento
A luta pela terra no Brasil é resultado de uma estrutura agrária arcaica e de uma
política agrícola voltada para a grande agricultura capitalista.
A chamada “questão agrária”é resultado da luta de classe entre capital e trabalho
naquilo que refere-se à terra; o resultado deste embate se expressa como particularidade
da questão social: concentração fundiária, monocultura, degradação ambiental, êxodo
rural, a precariedade da vida dos trabalhadores rurais residentes no campo ou mesmo sua
condição de assalariados; a fome, o desemprego.
Com relação a “questão agrária” afirma Fernandes,2001:
Os problemas referentes à questão agrária estão relacionados,
essencialmente, à propriedade da terra, consequentemente à concentração
da estrutura fundiária; aos processos de expropriação, expulsão e exclusão
dos trabalhadores rurais: camponeses e assalariados; à luta pela terra,
pela reforma agrária e resistência na terra; à violência extrema contra os
trabalhadores, à produção, abastecimento e segurança alimentar; aos
modelos de desenvolvimento da agropecuária e seus padrões
tecnológicos, às políticas agrícolas e ao mercado, ao campo e à cidade, à
qualidade de vida e dignidade humana. Por tudo isto, a questão agrária
compreende as dimensões econômica, social e política. (2001, 23-4)
Muitos elementos singularizam a questão agrária no atual contexto. Só para
dimensioná-la em uma de suas expressões, basta analisar a estrutura fundiária brasileira:
segundo cadastro do Incra, 2003, no estrato de área até 100 ha, encontrá-se 31,6 % do
total de imóveis com apenas 1,8% da área total de imóveis. Os imóveis com área superior
a 2000 há correspondem apenas a 0,8% do número total de imóveis, mas ocupam 31,6%
da área total. Com índice de Gini em 0.85, o país permanece com uma das maiores
concentrações fundiárias do mundo e a política pública de Reforma Agrária continua
Por outro lado, as modificações no mundo do trabalho decorrentes do processo de
reestruturação produtiva do capital têm atingido duramente os trabalhadores do campo e
da cidade. Segundo Thomaz, 2006, nos centros urbanos, as modificações no âmbito da
produção se acirram de modo a permitir maior intensificação da concentração de capital, o
que tem aumentado a precarização da vida dos trabalhadores. O autor afirma:
Nos campos esses fundamentos se expressam em nível mundial de forma
também contundente e diferenciada, amparados, pois direta ou
indiretamente pelo modelo agroexportador vinculado aos programas de
ajustes estruturais do Banco Mundial (BM), pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), e pelo regime de livre comércio da Organização
Em Ribeirão Preto,os fundamentos da reestruturação produtiva no campo se
expressam nos avanços tecnológicos provenientes da agroindústria canavieira que se
Na região, considerada tão próspera pelos meios de comunicação de massa, a
lógica capitalista se reproduz em todos os espaços gerando uma alta concentração da
Alguns segmentos estão quase excluídos do mercado de trabalho. É o que está
ocorrendo com as trabalhadoras rurais e os trabalhadores com mais de 40 anos de idade
no corte da cana. A exigência de produtividade de 12 toneladas/dia tem eliminado estes
dois segmentos: mulheres e homens com mais idade. Os cargos ficam para os homens
jovens, principalmente migrantes de outras regiões.
Os enfrentamentos com a agroindústria canavieira se objetivam de diversas
maneiras, dentre elas, nas lutas pela terra travadas pelos diversos movimentos sociais.
O acampamento Mário Lago é parte explícita deste embate: estrutura-se em área nobre
do entorno do município de Ribeirão Preto, numa extensão de 1.700 há.
Nele se busca estruturar o cotidiano de forma diferenciada. Ao ouvir crianças,
jovens, adultos e idosos foi possível perceber como cada segmento etário vivencia esta
experiência. É evidente que para isto concorrem diversos fatores, e que a questão etária
é apenas uma particularidade. Para as crianças o acampamento é o espaço da liberdade
e da brincadeira; os jovens oscilam entre o rural e o urbano, destacando como principais
dificuldades desse espaço a falta de infra-estrutura e de lazer; os adultos estão
empenhados em viabilizar seus lotes provisórios e garantir que possam , com a terra,
construir condições reais de se reproduzir socialmente.
3 Estão presentes na região o Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento de Libertação dos Trabalhadores Rurais Sem –Terra(MLST) e a Federação dos Trabalhadores Rurais do estado de São Paulo(FERAESP). 4 O MST possui uma sede regional no município e esto facilita a participação dos trabalhadores a campados em diversas ações e cursos de formação. 5 Os dados parciais sobre a pesquisa realizada foram publicados nos anais do I Encontro da Rede Rural.
As trajetórias seguidas pelos diversos sujeitos, até a chegada ao acampamento
são muito diversas. Para entender este processo e analisar como estas trajetórias estão
centradas no âmbito do trabalho, ouvimos velhos trabalhadores que estão acampados no
Mário Lago. Conforme já foi apresentado, foram cinco sujeitos e aqui será destacado
aquilo que os une, aquilo que em meio à diversidade de estratégias individuais, se repete
nas trajetórias como condição de classe deste segmento social. Como afirma Haddad:
Em primeiro lugar não se pode falar em morte sem considerar a vida,
assim como a velhice desconsiderando a infância e juventude, enfim a
trajetória vivida ao longo dos anos. Em segundo lugar, falar em infância,
velhice, vida ou morte sem considerar as desigualdades sociais e cair na
universalidade abstrata.(Haddad,1999,p.21).
As trajetórias dos velhos trabalhadores do acampamento Mário Lago possuem
muita semelhança com a de milhares de trabalhadores, especialmente os desta faixa
etária: nasceram em área rural, pouco ou nada estudaram e muito trabalharam ao longo
da infância e juventude. A falta de recursos materiais e infra-estrutura e a precariedade da
saúde emergem em suas memórias como um tempo de muito sofrimento.
Nós empossava a terra e ficava trabalhando. Era 100 alqueires de terra.
Meu pai ficou ali uns seis anos e de tanta febre que deu nele e em todo
mundo.chegou o ponto de eu perder um dedo do pé.(.). Mas de tanta
febre que deu no meu pai (ele ficou nove meses em cima da cama,chegou
no ponto de um dia ele morrer e reviver de novo) que minha mãe falou:
Senhor R. também fez referência à febre e a falta de atendimento médico:
Nós criou no sítio, nós criemos tudo na roça. Mas naquele tempo, era
muito sem recurso. Se quizesse, se precisasse de um médico, se
precisava de uma coisa assim, só em Januara. Era 180 Km para ir em
Januara fazer um tratamento se precisasse, por acaso. Mas não existia.
Aquilo lá era: as pessoas que dava remédio. Você ia lá e pegava um
remédio com uma pessoa. Inclusive teve um irmão meu que sofreu febre e
ficou 40 dia com febre. Foi indo, foi indo, você achava que ele morria.foi
Sempre trabalhando em sítios e fazendas, em lugares ermos e distantes, suas
famílias desenvolviam atividades agrícolas, sejam como posseiros, pequenos produtores
ou arrendatários, aliás, os vínculos iam se modificando nos diversos territórios ocupados.
Esta foi a trajetória dos pais que todos acabaram seguindo. Mesmo os casos de dois
informantes que iniciaram trabalho em outra atividade, mantiveram concomitante o cultivo
da terra. O senhor Ca. foi funcionário da Empresa de Transporte Ferroviário da Alta
Mogiana durante muitos e a aposentou como tal; ainda assim,nunca se desvinculou das
atividades rurais, aliás a própria atividade na empresa era em área rural: limpar trilhos e
colocar dormentes; nos tempos vagos seguia plantando roça:
Na Mogiana nós trabalhava na linha. Nós , em cinco homens, nós cuidava
de 10 km de linha.capinava, capina de linha,roçada, um metro de cada
lado da cerca. E nós trocava as dormente.(.) eu plantava na beira da
linha, que tinha um pedaço que nós podia plantar. Nós plantava
Senhor R. trabalhou no Garimpo durante 12 anos, mas neste período continuou
plantando roça como meeiro nas fazendas próximas. Com orgulho relata que os
fazendeiros disputavam para quem ele iria plantar:
Lá no garimpo onde eu estava tinha uns fazendeiros que eles brigavam
para mim poder plantar roça com eles. Eu nunca comprei um quilo de arroz
lá porque eu plantava roça mais os fazendeiros. Arava, arrumava a terra e
plantava mesmo. Era assim: ó, você vai plantar mais eu; e o outro
fazendeiro: não esse ano você vai plantar mais eu. Brigava pra mim
plantar roça com eles. Eu plantava de “a meia”. Teve ano que eu colhi
duzentos e cinqüenta sacos de arroz.(Senhor R.)
Os tempos idos são também tempos de fartura, de alimentos saudáveis, sem
venenos. Plantavam principalmente gêneros alimentícios: arroz, milho, legumes; citaram
Nós trabalhava para um fazendeiro. Plantemo tomate. tudo o que
era legume: quiabo, tomate, arroz. plantemo quarenta quilo de alho por
um brotão adentro, deu alho pra danar. (Senhor C)
Plantava de “a meia”, plantava arroz, feijão, tudo e depois passamo
a tocar café pros fazendeiro. ( Senhor Ca)
Sobre o passado, todos fazem menção à facilidade de arranjar trabalho em área
rural, mas também às longas jornadas; falam que trabalhavam muito, mas não identificam
esse processo como exploração. Quando a isto se reportam, tratam como situação de
injustiça, semelhantes àquelas em que foram roubados: em diferentes circunstâncias,
apreendendo ou não como roubo, todos já vivenciaram esta situação. Muitos casos foram
citados: arrendamento em que o produto final foi vendido pelo proprietário que
desapareceu com o dinheiro; destoca e limpeza de grande área sem depois a dívida ser
saudada pelo proprietário; cheque sem fundo para grande quantidade de produto
vendido, muitos anos de trabalho na fazenda sem registro e no final, sem acertos de
contas. Enfim, situações vivenciadas cujos rebatimentos se fazem presentes hoje em
suas vidas: só um deles tem aposentadoria, os outros estão sem proteção previdenciária.
A situação do Senhor F. é bastante peculiar: na juventude, trabalhou
longos anos na Fazenda da Barra, onde hoje está acampado. Diz conhecer “a palmo”
Morei 17 anos quando era menino. Agora está bem melhor, porque quando
morei aqui só tinha a casa no morro. Nós era agricultor. nós tocava
celaria na seca e plantava. Eu não tenho nenhum registro que prova que a
gente trabalhava. Esse Junqueira não registrava ninguém, mas tem gente
que conhece a gente. O Junqueira é esse embaralho. Depois quase no
fim da vida, n/é? Nessa idade a gente torna a voltar outra vez.(Senhor F.)
Um depoimento que mostra bem o nível de exploração vivenciado no trabalho é do
Senhor ª que desde cedo foi trabalhar como assalariado. Mesmo trabalhando ele teve que
pedir “ajuda” para poder sustentar a família:
Aí, eu acabei com a vergonha, falei assim pra patroa: olha, dona Maria a
minha mãe está meio desprevenida, sem roupa. Dá pra senhora arrumar
seja um vestido que tiver mais ou menos pra ela? Um vestido velho pra
ela? Aí, ela ficou com dó e arrumou. Arrumou e mandou. Falou: leva pra
sua mãe. Se você falasse antes, tinha levado. Você não precisa estar com
Na fala deste depoente prevalece uma visão idealizada do trabalho, porém, em
algumas situações aparece de forma aguda e crítica a percepção da real condição
vivenciada. Quando ele fala da situação de trabalhador rural assalariado coloca:
Ah! Bóia-fria, filha de Deus, bóia-fria não dá camisa pra ninguém. Eu vou falar: a
pessoa que não se aperte não, para ter o dinheirinho para pagar água e luz.(.)
Depois de uma vida de trabalho, de exploração, três dos expoentes mencionam
como grande vitória ter conseguido criar seus filhos, ( um teve 5, outro 8 e o terceiro,9).
Seu A que nunca se casou e não teve filhos explicou que para se casar precisava de uma
condição econômica melhor e que, agora com a terra, irá conseguir finalmente se casar.
Com uma saúde bastante fragilizada, envelhecido, parece não se dar conta que talvez
não seja possível realizar aquilo que durante tanto tempo protelou em fazer:
Olha eu vou falar o que é verdade: o que vale a pessoa tirar a garota
da casa de um pai, de uma mãe, casar e depois a pessoa não ter
nada, né? Não adianta. Só vou casar agora quando eu tiver com
minha terra na mão, com meu lote na mão.
O significado de ter sua própria terra é sempre a de um sonho. Eles sempre
viveram e plantaram a terra, têm experiência acumulada e familiaridade com o rural, mas
sempre plantaram em terras alheias, sempre “mandados” ou “comandados” por alguém.
Quando indagados sobre a possibilidade de ter terra enfatizaram isto como um sonho ou
Por isso eu falo: a roça é a mãe da pessoa. É a mãe da pessoa que é
a roça. E no horário bacana, quando a pessoa tiver plantando,
alembrar o nome de Deus. Que nós sem Deus, não somo ninguém.
Ah! Vai ser um sonho n/é? . se sair um pedacinho de terra pra
gente, vixi!!!!! Vai ser um sonho! ( Senhor R).
III-Conclusão
Ao analisar as trajetórias dos velhos trabalhadores foi possível perceber a
centralidade do trabalho na estruturação de suas vidas e mostrar que, nesta sociedade,
estas experiências vivenciadas por estes sujeitos se dão a partir das seguintes
particularidades: expropriação da terra e intensa exploração nas relações de trabalho.
Os sujeitos da pesquisa ora foram posseiros, parceiros, trabalhadores de fazendas
ora trabalharam como assalariados desde muito cedo, como é o caso do Senhor A . A
marca mais evidente destas trajetórias é familiaridade com o universo rural e o trabalho
em terras alheias. Durante longos anos, aquilo que chamam de situações de injustiça, na
realidade, eram os artifícios utilizados pelos diversos sujeitos no sentido de manter a terra
em poucas mãos. A extrema exploração no trabalho vai se refletir nas condições de vida
atuais: saúde precária, ausência de amparo previdenciário ( com exceção de um que
aposentou-se em uma empresa), sem quase nenhum bem material; mas com um saber
acumulado que inclui desde o ciclo de diversas culturas até a produção da farinha, da
rapadura e até a produção do equipamento necessário para a confecção destes produtos.
Estes sujeitos reiniciam uma nova jornada de luta, agora dentro do Movimento
Sem Terra. O sonho da conquista da terra é a efetivação de um direito para sujeitos que
em toda sua trajetória cultivaram e produziram para outros. Estes trabalhadores ao
lutarem por terra buscam aquilo que o trabalho não conseguiu lhes garantir; daí o fato de
assentá-los ser dever do Estado pois, assim, uma política pública poderá saldar a dívida
histórica de dar terra para quem sempre nela trabalhou.
Se estes trabalhadores já com idade avançada irão ou não ser assentados ainda
depende de lutas jurídicas e políticas. Caso a terra seja de fato conquistada, ainda resta
os desafios da comissão de seleção. Se esta etapa for vencida, restam os outros grandes
desafios decorrentes da atual política agrícola brasileira que pouco tem favorecido a
Enfim a efetivação dos direitos destes velhos trabalhadores é ainda meta e não
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geracional.I Encontro da Rede de Estudos rurais. 2006. Niterói: Rj.
RISKTOPICS Tampering: A "foreseeable possibility" Steps for preventing tampering in OTC drug and food products. INTRODUCTION Most people are quick to associate tampering with the food industry when, in fact, it is not the food industry that has suffered the first notorious case of tampering, but the pharmaceutical industry. Although food tampering is more frequent, its severit